domingo, 31 de agosto de 2008

A arte de perder

O silêncio dentro do apartamento e lá fora também. Aqui só escuto a ventoinha do computador trabalhando...

Faz tempo que não fico pela madrugada navegando.

Hoje eu cortei um pouco o cabelo e fui a manicure, unhas e cabelo são minhas vaidades.
Assistindo o filme "Em seu lugar", que terminou agora na TV aberta, me identifiquei muito com uma das falas da personagem que faz a irmã mais velha; ela explicando para a mais nova porque comprava tantos sapatos disse: "as roupas não me caem bem, então, me realizo nos sapatos" (não sei se era exatamente assim!)... Percebi que tenho muitos sapatos, mas também não me realizo, pois praticamente todos me machucam!
Eu gosto deste filme, me passa sempre uma sensação boa, família, amor, trabalho, mulher, solidão, amargura, descobrimento, encontrar, ser encontrada, perder...

Falando em perder, no filme a irmã mais nova que tem dislexia lê uma linda poesia de Elizabeth Bishop, que eu ouvi declamada nesta quarta-feira que passou novamente na peça "Uma toada para João e Maria - O Amor segundo Chico Buarque", no Café Piu-Piu.

One Art

The art of losing isn't hard to master;
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster.

Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn't hard to master.

Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.

I lost my mother's watch. And look! my last, or
next-to-last, of three loved houses went.
The art of losing isn't hard to master.

I lost two cities, lovely ones. And, vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn't a disaster.

-Even losing you (the joking voice, a gesture
I love) I shan't have lied. It's evident
the art of losing's not too hard to master
though it may look like (Write it!) like disaster.


Tradução de Paulo Henriques Britto

“A arte de perder não é nenhum mistério;
Tantas coisas contêm em si o acidente
De perdê-las, que perder não é nada sério.

Perca um pouquinho a cada dia. Aceite, austero,
A chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.

Depois perca mais rápido, com mais critério:
Lugares, nomes, a escala subseqüente
Da viagem não feita. Nada disso é sério.

Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero
Lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.

Perdi duas cidades lindas. E um império
Que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles. Mas não é nada sério.

– Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo que eu amo) não muda nada. Pois é evidente
que a arte de perder não chega a ser mistério por muito que pareça (Escreve!) muito sério
. “




2 comentários:

Afrodite disse...

Oi!
Gosto muito dese filme por quase os mesmos motivos que vc:família, solidão,amor...
É um lindo filme(embora triste em algumas partes).
Adorei conhecer seu blog.Vim por intermédio da Renata(Renatismo).
Pretendo voltar muitas vezes!
Bjos!

Afrodite disse...

PS:rsrs...é DESSe filme! e não 'dese' como saiu...rsrs
Bjos!