Andei de trem hoje.
Fui visitar alguns clientes na grande São Paulo, fui até Mauá, para tanto tive que fazer uma longa viagem, mas mesmo assim foi muito interessante (e dolorosa!).
Peguei o metro da zona leste e depois o trem que faz a linha Luz - Rio Grande da Serra, como fui fora do horário de pico foi tranquilo, fiquei observando as pessoas ali dentro, algumas olhavam para a paisagem passando pelo lado de fora, outras cochilavam, conversavam ou observavam assim como eu.
Rostos cansados, marcados pelo sol, pelo trabalho duro e pelo horário não sabia para onde estavam indo... Para casa descansar? Não... talvez um segundo ou terceiro emprego.
O frio estava cortante e mesmo assim dentro dos vagões estava quente, imaginei que terrível deve ser em dias de verão (ou do nosso inverno maluco).
Um senhor jovem oferecia revistas de gramática da nossa língua portuguesa por apenas um real, um garoto de treze anos recitou uma poesia oferecendo seus serviços de engraxate por dois reais, ainda fazendo rima contou a história da sua família e a razão que o trazia até ali, mais seis irmãos, com a dispensa vazia em casa, irmãozinho chorando cedo de fome hoje, o pai já não vive com eles e a mãe está doente...
Não tive coragem de olhar nos olhos deles, sinto vergonha nestes momentos, e não sei do que sinto vergonha, mas sinto.
Talvez por não fazer nada. Só evitando olhares.