Um pouco antes de completar meus 32 anos meu marido me perguntou se eu achava que tinha passado rápido...
Sempre me perguntou o que está acontecendo com o tempo e com o MEU tempo.
O tempo é muito relativo e todas as sensações que ele nos dá depende do que é ou não registrado na memória.
O tempo como cronologia, pelo tic-tac de um relógio, pelas rotações e translações é exato, sempre o mesmo, nunca passa mais rápido ou devagar.
Mas o meu tempo, o seu tempo é contado através de memórias e lembranças e nisso conta muito algo como a rotina.
Quando somos crianças, até os 12 ou 13 anos, pouco temos de rotina em nossas vidas, e mesmo as que existem ainda são dignas de nos trazer alguma aprendizagem. E me lembro que neste tempo, da minha infância e pré-adolescência, tudo passava bem devagar, como se fosse para que eu pudesse degustar cada momento novo, cada sensação nova, cada frio na barriga, cada conquista.
Chegou assim a espera pelos 18 anos, poder tirar carta, como a gente dizia, ou chegar a tal maioridade achando que isso nos tornaria independentes e autossuficientes, um grande engano. Este é o maior engano de um adolescente e depois de alguns anos continua sendo, já que ouvi recentemente isso sair da boca da filha de um colega.
Até chegar a responsabilidade financeira e moral o tempo ainda caminha lentamente, mas chegada a rotina, o trabalho, o caminho até o local do trabalho, as obrigações...O tempo começa a voar, os anos, as décadas e dos seus vinte e poucos anos você alcança os trintões num pulo só.
Dentro da última década não me lembro claramente de mais de 10 dias memoráveis, vou fazer esse exercício para valer depois e ver se consigo mesmo os 10 dias.
Isso tudo para dizer que 1 ano de trabalho deve corresponder a 1 dia pintando a rua com tijolo de construção na linha do tempo interna que temos.
E que hoje, no presente, já adulta, tenho que me esforçar para não deixar tudo ser comprimido e ocupar menos espaço nesta linha do tempo.
Preciso fazer alguns dias se tornarem memoráveis, algum toque aqui ou ali e realizar o que viemos fazer aqui.
Viver a vida.